domingo, 27 de novembro de 2011

Pequeno elogio a uma árvore.

Aquela árvore morreu. Talvez seja um dia de luto. Quando a vi, só os restos mortais tristemente despedaçados na grama, não consegui impedir um grito de choque. Cinzas, ou melhor, carvão espalhados onde ela anteriormente reinava.Imponente e triste, melancólica e forte, talvez ainda com um resto de vida a correr pelos seus galhos secos. A árvore se foi. A árvore preferida.
Um minuto de silêncio para a árvore que nunca falou, mas sempre viu. E que sempre foi percebida, pelo menos por poucos. Um adeus à minha árvore.
Haverão outras, mas são já outras vidas, outras texturas, outros ruídos.
E para aquela árvore que se foi sem avisar, que fique claro que ela nunca me passou despercebida. E isso já é consolo suficiente para aquela árvore que sobreviveu ás secas, mas não às chuvas.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Lucky

Ele me veio assim como eu sempre sonhei. Até que sonhei que partia.

Sinto saudade daquela compreensão desmedida, de um carinho diário, desmotivado e forte. Sinto saudade de deitar no chão e olhar para o teto, como quem não tem nada para fazer. Só sinto saudade de você por perto. Sinto saudade dos latidos que davam pra ouvir do outro lado da cidade, e até um pouco de saudade dos vizinhos reclamando.
A distância leva embora o que o amor não mata. Saudade vira história e memória e sorriso.
A lembrança fica de uma despedida que não ocorreu. Só sei que sinto a sua falta garoto, é dificil escrever. A vida passa inteira pelos olhos daqueles que ficam para lembrar. Obrigada pela compreensão, obrigada pelo carinho, pela proximidade, até por aquela única mordida.
Não te escrevo pra te aniquilar, nem pra te esquecer. Escrevo justamente para poder lembrar. E desculpa pelos erros que eu cometi, que nunca são poucos, mas é bom pedir desculpas mesmo nem que seja só pra mim mesma. Perder um cachorro é perder aquele amigo que nunca te decepcionou e sempre esteve lá para quando você precisasse. E que nunca pediu nada, além de um afago e comida.

Mas obrigada, mais uma vez, e de uma vez por todas.


Uma saudade assim, meio maluca, meio incansável, meio incontestável do rapaz mais bonito que já conheci.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Solidão por hora.

Solidão é sempre tão eterna, que quando passa parece que foram-se anos mesmo que tenham sido horas.

Aprendi um milhão e meio de vezes que falo demais. Nem falo não, nem falo nada. Melhor calar. Tenho voz, mas daqui em diante, uma voz que não machuque, que cansei de machucar. Queria ajudar por ora. Pareço sempre cair nas mesmas armadilhas da voz. Desabafo tão abatido, cansado e batido. Já deu, já foi, já era. Sempre a pagar por erros quase mínimos. Erros de pontuação e umas duas vírgulas fora do lugar. Um ponto final antes da hora. Nem reclamo de pagar por isso, aceito que não da pra apagar. Mas sempre dá pra escrever mais, pra contornar, pra virar de cabeça pra baixo, ou pelo outro lado da folha. Isso porque deixei de lado as entrelinhas. As vezes me sinto meio carta fora do baralho. Meio fora do jogo. Mas se pra virar atacante tem que atacar acho que prefiro gandula. E bom jogo pra quem fica.

domingo, 29 de maio de 2011

sobre o pintar.

Todas as minhas imagens me parecem silenciosas. Talvez sejam as cores. Não sei assim tanto sobre elas, muito menos como elas se dão, e eu só sei que são inerentes a mim. deixei de ter medo de rosa há um tempo.
Cansei de ter medo, só queria fazer qualquer coisa. Queria um momento.
Pinto para qualquer lado e para lado nenhum. Quero uma vida de agudos e graves e não de altos e baixos. E não poupar no branco, pois tudo que eu vejo tem branco no meio.
Nem sei direito o que eu estou fazendo mas preciso expurgar algumas imagens de mim e como tal elas encontram seus caminhos naturalmente. É quase um vômito de palavras imagético.
enfim, só umas palavrinhas. uma coisa que faz cada tela parecer um pouco um desabafo.


sábado, 28 de maio de 2011

Frágil

Ainda há fogo em mim, quisera sempre assim.

Estranho como coisas que me caíam como uma luva em tão pouco tempo viraram farinha. Não vejo a ligação entre luvas e farinhas, mas farinha não é capaz de calçar uma mão e disso eu tenho certeza.
Eu fui egoísta, é tudo bem eu sei. Talvez saber disso no ponto que eu sei já seja punição o suficiente. Talvez eu nem devesse me punir. É minha vida. E ela se interpola com a sua, eu sei, mas nesse caso é minha vida. E andou passando do tempo de pensar em mim uma vezinha. Eu sempre relevei tanta coisa, talvez isso devesse ser minha escolha. E nem tenho idéia se foi uma boa escolha e com certeza agora definitivamente não parece ter sido. As nossas vidas podem se cruzar de novo daqui pra frente e talvez não seja assunto seu. Ah, que droga, que isso só soa pra mim como cólera. Sei lá. Me culpo por não ser uma pessoa melhor, mas não é perfeição que eu quero.

Todas as cidades estão em chamas, consumidas por um desejo voraz.

Talvez seja ética. As nossas liberdades se encontram em jogo e agora, o que fazer? É só um momento, daqui a pouco passa e fica tudo bem. E se acabar não ficando, realmente, eu não tenho mais muita coisa a ver com isso, nesse sentido. Se errei, estava no meu direito, mas errar já é forte demais pro meu gosto. Não me arrependo. Está na hora de sumir. A idéia de exclusão me parece estúpida.

Desculpas são pros fracos. =)

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Quinta-feira de madrugada.

Dormir? Nunca. Pra quê dormir? As vezes não faz sentido algum. As vezes eu queria não desperdiçar um segundo pra dormir. Se eu dormir não levanto e talvez esteja aí o paradoxo.
Sei o que eu quero e o que eu não quero, mas o difícil agora, por mais estranho que pareça, virou o conseguir.
Não me sinto só, e muito pelo contrário me sinto muito bem acompanhada. Seja dos meus retratos imaginários ou do meu cerrado familiar. Se ocupar nunca deixou de ser o melhor remédio, e anda difícil parar. Para o que eu não ligo, eu simplesmente não ligo, para outras coisas me perco em nome delas.
Ainda estou atônita com o meu degelo. E é possível estar bem resolvida num caos de pensamentos. Isso porque o caótico não está mais nos pensamentos. É tudo uma bagunça muito bem organizada.
Talvez por isso eu fale demais. É difícil começar mas uma vez que acontece, não para mais. E haja ouvido. Já dizia meu pai: Se não tem nada de bom pra dizer talvez seja melhor ficar calado. Provavelmente uma das melhores coisas que ele já me disse e uma que eu ainda tento aprender todo dia. É uma provação essa história de viver. Não que eu esteja contando uma novidade aqui, mas as vezes me sinto me policiando demais, e quando isso acontece prefiro deixar tudo pra lá e tanto faz o mundo, desde que não seja o meu mundo. Egoísta, talvez! Talvez seja coisa de capricorniana pé no chão e cabeça nas nuvens. Até por que, pra que tirar a cabeça das nuvens?
Se é felicidade que buscamos, eu não vejo por que nos impedir de ser felizes o tempo todo. Auto-sabotagem. E falar disso aqui é até meio hipócrita vindo de mim. Sempre serei a mais crítica de mim, e ninguém se meta no meio! Esse espaço é meu e tenho dito. Talvez cabeça dura.
Seja o que for, deixo confessa nessa madrugada de quinta-feira minha felicidade. Seja como for.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O que não cabe na despensa.

Comecei pintando um fundo. Não gostei parti pra outro. Vai azul real, vai magenta, vai branco, amarelo nápoles e até azul da prússia. Um mar de cores, assim bem claro, e com um pincel na mão eu parecia até saber o que estava fazendo. De repente tive um céu, um céu assim vibrante numa paz de cores. E aí eu percebi que era assim que estava me sentindo. Assim como aquele céu. Assim com todo aquele rosa, e toda aquela vontade. E que meu gelo derreteu-se, espero que de uma vez por todas, que estava passando da hora de ser feliz. E o mundo fez as pazes comigo e eu não virei as costas para o mundo. Vontade inabalável de viver, de dias a fio a produzir, a ser feliz e a terminar aquelas coisas que deixei pela metade, deixei pelo caminho. Chegou a minha hora, beijos vou embora.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Sobre história.

É expresso e deliciosamente belo quando a história de quem você era coincide com a história de quem você é.

domingo, 24 de abril de 2011

Costelas Doloridas

E depois do feriado, acordei com os olhos e as costelas doloridas, efeitos de uma vida meio nova de novo. Tão bom sair por aí. Ir pra rua e ver gente, e se libertar a conhecer gente nova sem nem se importar com mais nada. Chegar em casa com um pique todo novo para trabalhar, pra desenhar, um pique novo pra tanta coisa. E fazia tanto tempo. Sair com os amigos, e prestar atenção num milhão de coisas novas. Não quero parar, só quero criar, criar e criar. No meio de toda essa diversão do que me importam as costelas doloridas?

domingo, 17 de abril de 2011

Suspirando.

Não posso continuar pedindo em vão. Minha insistência me surpreendeu, mas creio que só isso já deixou de ser suficiente.
Cai a noite e vem um vazio.
Dá vontade de falar,
Talvez por que hoje eu não tenha mais nada a dizer.
Acho que o agora já foi tarde de mais.
Não tem compromisso nem comprometimento, e isso que me pareceu uma idéia genial agora parece absurda.
Não sei se é uma despedida, não sei se é definitivo.
Só sei que é um suspiro.

terça-feira, 12 de abril de 2011

A resenha

A respeito de uma resenha que não sai. E toda vez que escrevo duas linhas parece doer. Ai, meu Deus, a resenha. Já era melhor ter feito pra segunda-feira. Na verdade era melhor ter terminado pra quarta-feira da semana passada, e a resenha não sai meu senhor, não sai!
O desespero começa a corroer, mesmo a resenha não sendo assim tão importante. Se bem que era importante e na verdade era imprescindível. Todo trabalho era imprescindível. Acordar cedo era imprescindível, e nem era tão cedo assim, e mesmo não sendo tão cedo assim não sei se vou conseguir por que já são quase quatro, e cadê a resenha? Só saio daqui com essa resenha. Tanta coisa de deixei de fazer pela resenha, e tanta coisa que eu fiz pra deixar de fazer a resenha. Nessa enrolação de já quase uma semana foram filmes, gravuras, e deixaram de ir textos e textos.
Lá vou eu de novo, mais três palavrinhas desconexas e eu só preciso de duas páginas.
E fica por aqui esse texto que por ali já se vai meu tempo, e por conseqüência o diabo da resenha.


(Dedicado à todos aqueles trabalhos de faculdade que acabam tirando nosso sono e que a gente sabe que não se chamam de trabalho à toa.)

terça-feira, 22 de março de 2011

Silêncio.

Desliguei a televisão por um momento, pra tomar um banho e voltar pra cama, sem esquecer das minha palavras cruzadas ou do ultimo livro. Silêncio intimidador, me deu por um instante um vislumbre dos meus pensamentos. Devaneios brancos, duvidas sem respostas e um cansaço meio morno. Espero por alguma idéia melhor? Espero por alguma surpresa nos 45 do segundo tempo? Espera é branca, que nem o silêncio. Mas o silêncio mata mais. Talvez quem cala consente mesmo.
Sonhei com as cartas amassadas de um baralho novo, e presentes infrutíferos numa festa amedrontadora em uma cidade de estranhos. Vislumbres de um lugar onde eu não queria estar, e de quereres que funcionam apenas em sonho.
O Silêncio intimida pelo mesmo motivo que uma folha em branco, pois ele está sempre esperando pra ser preenchido. Torna-se assim, pouco natural, e assusta. Elenos revela a mente e as vezes tudo que mais queremos é fugir desta. Talvez eu não tenha as respostas, e isso não é por falta das perguntas. Talvez agora não precise de respostas. Talvez o sonho seja só mais um silêncio, só mais um momento. O silêncio pode ser branco, o vazio então seria negro. Ouvi de Van Gogh que na natureza não existe preto. O que existem são variações de cinza, que anexas as outras cores formam variações destas, tornando-as infinitas. E nisso o preto fica vazio, o que pode ser contraditório de fato que muito se esconde dentro deste, contudo a luz será sempre a raiz da visão.
Silêncio e reflexão andam juntos, posto que a mente não cala, quando dada a chance. Para isso passatempos e para isso barulho, mas os ruídos estão parando de satisfazer, virando apenas ruído, apenas barulho. Não vou ligar mais a televisão hoje. É vicio que não alimenta por ora.

domingo, 20 de março de 2011

Metafísica de domingo à noite.

Bom, sabe a metafísica? Cansei.

E é basicamente isso que eu vim dizer hoje. Que eu compreendo as perguntas as respostas, e o caminho para obtê-las. Mas minha paciência pra metafísica andou se esgotando. Outro dia experimentei uma sensação que a muito não experimentava e que quando eu criança, costumava me manter acordar por horas a fio. Uma sensação de vazio tão intensa que sufoca o peito, uma sensação tão forte que eu decidi nunca mais sentir. Eu acho que todos temos duvidas, e todos queremos saber quem somos e pra onde vamos, e como podem as coisas acabarem. Mas elas acabam todas as vezes que a gente pisa numa formiguinha. E o que é consciência, e o que faz uma vida ser boa ou ruim. Ou o que você quer pra sua vida. Eu não tenho respostas pra nenhuma dessas coisas. E nem quero ficar achando que tenho. Por que nada disso chega ao menos perto de ser concreto, e o que eu realmente quero dizer, e pode parecer ignorância para muita gente, mas pelo menos eu, acredito que valha muito mais a pena viver que falar sobre a vida. Tá bom, um complementa o outro, e nós aprendemos tanto falando sobre a vida quanto vivendo, mas nesse ponto da minha vida isso me parece desperdício. Parece bobo e simples demais, mas viver uma vida de valores, sendo honesta comigo mesma e sabendo que estou fazendo o melhor que posso tanto para mim quanto para aqueles que precisam parece me bastar por agora. E não pensar em igreja porque a igreja tem mania de endemonizar muita coisa que não chega perto de ser verdade. Eu não tenho nada contra esse tipo de conversa, muito pelo contrário, é só que não é o que eu preciso nesse momento. O que eu preciso agora é fazer as coisas acontecerem e o fim do mundo que se dane. Ficar se aterrorizando por um futuro incerto, nesse caso, me parece algo completamente estúpido. E acho justíssimo nos apegarmos à nossa existência terrena, pois é tudo que nós conhecemos. Não pelas coisas materiais, mas por todas as outras entrelinhas que tornam a vida algo possível. No final das contas, na minha cabeça pelo menos, a vida é feita de valores, e no que diz respeito a essas coisas todos nós, um dia poderemos acabar dizendo as mesmas coisas. Ou não, porque se fossem todos a coisa hoje em dia seria diferente. As vezes o difícil pra mim é acreditar no lado ruim das coisas. Mas isso também é mentira, porque o problema não é que eu não acredite, mas que eu tenha dificuldade em ver.
Então se todas as vezes que acabemos por discutir esses assuntos nós vamos chegar às mesmas conclusões, muito embora de maneiras diferentes, eu prefiro me abster. Não é que eu não compreenda, na verdade o que eu tenho é preguiça desse lengalenga.
Acho toda essa filosofia não é pra todo mundo, nem é pra toda hora, e não é mais do que normal que ela canse.

E cansa tanto que eu estou com preguiça até de reler esse texto e vou mandá-lo do jeito que ele veio ao mundo, assim sem edição.


(por que na vida real não exite edição-Rá)

(e talvez eu devesse ter editado era esse comentário.)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Panquecas

Em seqüencia aos textos com nome de comida que na verdade não se referem tanto a comida quanto ao momento em que eu precisei de tipos específicos de comida, esse texto é da mesma forma sobre panquecas.
Tudo bem que essa introdução me faz parecer nada além de uma grande gordinha, mas na verdade nem sou gordinha. Nada contra quem é também, só estou querendo livrar as pessoas de mal-entendidos.
Essa noite passada eu tive um sonho absolutamente maluco. Na verdade não foi de noite não, foi no cochilo da tarde. Recebi uma ligação da minha mãe, marcando um cinema e adormeci no segundo seguinte. Então eu sonhei com isso, que tinha marcado o cinema e precisava estar pronta bem rápido, mas então eu perguntava se podia ir pronta para o treino de futebol antes, e fui pronta com minha roupinha de jogar. Saí correndo pela cidade, que nem a Lola, do filme, e fui presa por uns policiais que me disseram que era crime correr assim, que nem maluca no meio da rua entre os carros, literalmente. E eu não tenho a menor idéia de qual a relevância desse sonho para um texto chamado panquecas. Talvez seja a mudança de foco. Panquecas quer dizer exatamente isso. Uma nova perspectiva.
Depois de um razoável período de treino, e o que eu suspeito um quilinho a mais no mínimo, eu finalmente peguei a prática. E vai ver a vida é isso né. No início suas panquecas saem tortas, grossas demais, cruas e sem sal, mas depois de um tempo você aprende, como virar a panqueca no ar, como fazer ela ficar fininha, queimada igualmente, e um delícia, passando a experimentar diversos recheios e empanturrando todo mundo da casa com elas. É uma nova perspectiva, uma nova maneira de lidar com as coisas, ou mesmo todo o processo de aprender a fazer alguma coisa sozinha, por iniciativa própria. Isso vindo de uma pessoa tão sem iniciativa como eu consigo me considerar muitas vezes, é quase um milagre. Reestabelecimento. Completamente necessário depois de uns dias de cama. Não há dor que não passe, por mais que a gente sempre insista em pensar assim. Precisa apenas de tempo, e, no meu caso, teorizar os acontecimentos de forma que eu possa zombar deles, ou de mim mesma, tentando tornar tudo menor e mais prático, pra entrar na cabeça de uma vez por todas.
Então é isso sobre panquecas, amanhã vou tentar uma receita nova, de panquecas americanas, então me desejem sorte.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mulherzinhas

Estava acostumada a achar que deveria me sentir mal, por um motivo ou outro, não importa. Hoje eu precisava escrever. E a razão para tal é que hoje, segunda-feira, por mais que eu tenha mesmo dormido mais do que ficado acordada, me sinto bem melhor em comparação aos dias anteriores. Volto a ter não só opções, mas um milhão de idéias e talvezes e prospecções futuras. Esse blog não passa de um grande desabafo, em seu interim. E por vezes pode ser mais poético, ou contar histórias, e eu sei que ultimamente não tem sido nada fácil sair de mim. Nem dizer qualquer coisa que valesse a pena ser ouvida. Acho que eu preciso ver "500 dias com ela" de novo. Já está quase de manhã, e foi ontem, mais ou menos por esse horário que eu voltei a me sentir bem, a aceitar certas coisas que eu me recusava. E ainda existe raiva, e insatisfação, mas graças a um livro "novo", que eu comprei há muito tempo e só fui realmente ler ontem. O livro em questão era "Mulherzinhas", em inglês "Little women" e que possui um filme chamado Mulheres Adoráveis, com a Susan Surandon e Wynona Ryder. (Dando a ficha.) Então, o livro, que é infinitamente mais interessante que o filme, traz a história de quatro irmãs, e todo o processo de crescer, na verdade. E antes julguei muito e achei sem propósito, e algumas partes dele me parecem uma imposição de valores meio forçada, mas não é essa a questão. Ou talvez até seja, por que o que o livro realmente trata são valores. Valores esquecidos e relembrados, na própria dureza do cotidiano, uma lembrança das coisas na vida que realmente valem a pena. Além de ser uma delícia de ler. Cem páginas à virar num piscar de olhos enquanto eu me deliciava com aquelas vidinhas simples, de meninas simples, que descobriam o valor de não julgar os outros ou a controlar suas emoções de modo a não agredir alguém sem querer. E eu acabei me identificando muito. Com coisas eu mesma já tinha pensado, e com a maneira que eu vinha agindo, sem me importar com nada que realmente valesse a pena. Que para se poder apreciar o ócio nós precisamos aprender o valor deste, por meio do trabalho. E da honestidade. Entre outro milhão de coisas. E fui me perdendo nisso, e quando vi, já estava muito melhor, e é um processo eu sei, é um processo lento de cura.
Hoje eu cozinhei às 3h da manhã. Muito ânimo, de fato, fui fazer panquecas, que, na verdade, saíram um desastre de feias, mas até que gostosinhas. A massa ficou grossa, e não ficou lisa, enão achei nada aqui em casa que pudesse servir de recheio, mas deu pra alimentar. Hoje vou trabalhar às 10h na montagem de uma exposição o que me parece bem divertido e propício para colocar a cabeça no lugar.
Vou parar de adiar, e vou atrás de tudo aquilo que eu realmente quero pra mim. Cansei de me sentir deixada para trás, sabe?
E hoje na verdade já é terça-feira, que eu considerei segunda por ainda não ter ido pra cama embora já sejam cinco da manhã. Nada como um dia após o outro.

Eu só queria mesmo era ajudar as pessoas com esse blog. Eu já falei isso aqui antes, e ler isso da boca para fora, na verdade parece meio ridículo embora seja verdade. E todos os ultimos textos pra mim perderam completamente o valor poético que eu achava que tinham para parecer absolutos desabafos. Isso não significa que está pior ou melhor, mas é que eu ando me envolvendo tanto comigo mesma e com a minha insatisfação e com a minha dor que eu deixei de fazer alquilo que eu mais queria fazer. Mas enfim, vou ficando por aqui. Beijos a todos, e se algum de vocês souber fazer uma panqueca que preste, por favor, você sabe onde me encontrar!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Anúncio.

Procuro relíquias. Procuro novidades. Procuro uma bela coleção de jóias antigas, e se possível, raras. Procuro na verdade, qualquer coisa que tenha qualquer apelo à minha pessoa. Ao sentir demais a gente acaba por não sentir mais nada. Seja lá o que for, tudo me dá náuseas. Vai ver foi trocar as refeições por doces. Decidi que na segunda-feira eu volto a viver a minha vida.
É isso que eu tenho a dizer por hoje, que fique claro é um texto sobre coisas que procuro e não coisas que perdi, portanto, se alguém encontrar alguma dessas coisas, favor informar.

Grata.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Uma nova ou velha história.

Pintei os olhos de verde. Sonhei que deveria fazê-lo, e assim o fiz. Sonhei que isso me faria bem, vestia-me no caso para um carnaval, e me pintei de verde. Que um pouco daquela alegria passasse aos meus olhos. Só queria uma saída. Só queria esquecer de uma vez tudo aquilo eu passei meses tentando me lembrar, tentando me convencer que existia. Não que nunca tivesse existido, acredito piamente que sim, mas a questão não é essa. Lembrar agora me dói então devo lembrar de qualquer outra coisa.Preciso de uma outra história qualquer história. Queria efusivo, estonteante, cambaleante, borbulhoso. Demais pra pedir assim por uma noite.
Bom, o difícil mesmo foi voltar pra casa, que sair foi fácil. Quase como aceitar a derrota. O difícil sempre foi aceitar a derrota.
Vou pegar mais uma colher de brigadeiro e algum livro novo. -Qualquer história menos a minha.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Brigadeiro.

O que eu mais queria agora era poder inundar o mundo com bons sentimentos. Isso é, na verdade o que eu mais gosto de fazer. Gosto do encorajamento, daquela vontade de parar tudo que está fazendo para fazer aquilo que quer. E, por excessão do meu último texto, os anteriores têm sido bem melancólicos. E eu cansei de tanta melancolia, de verdade. Achei que tinha descoberto uma coisa importante, que lembrar de algumas coisas me fazia bem. E eu estava completamente nessa onda, até agora há pouco. Bem, não tão agora há pouco. Só sei que aconteceu, e que era inevitável. Então às três horas da madrugada, não existia maneira alguma de dormir, mesmo sabendo que eu tenho que acordar cedo pela manhã para uma primeira aula de caiaque. Nada funcionava, e chocolate não resolvia, fui, portanto, fazer brigadeiro.

Não tinha jeito, e não adiantava insistir, aparentemente. Me sinto idiota. Me sinto cansada, meio: Pára, mundo, que eu quero descer. Não quero sentir que o progresso também foi em vão. O progresso que eu tinha feito comigo mesma. Preciso de um tempo, mas não posso parar. Tanto a fazer em tão pouco tempo. Sem ressentimentos, me sinto livre de toda e qualquer culpa. E quem disso que isso ajuda? Me sinto mal de qualquer jeito, sozinha. Por isso são necessários planos. E brigadeiro, bastante brigadeiro. O negócio é continuar vivendo. Lembranças agora doem, e parece que eu perdi tempo. E se eu quiser chorar? Bom, acho que não importa mais. Pouca coisa importa, na verdade. Não sei se é dor ou se é só raiva, mas acho que agora talvez eu precise ficar sozinha. Vai embora, cansei da dor. Larga de mim, mentira machuca e incha os olhos. Nem era mentira eu sei, mas parece tanta besteira. Já sobrevivi a coisas tão piores. Acho que preciso mesmo ir embora que esse lugar já deu pra mim. Preciso de colo. Não preciso de ninguém, mas me recuso a acabar sozinha. Ninguém precisa, né? Na verdade. Precisar não precisa, mas querer todo mundo quer. Eu não quero agora. Agora eu preciso desaparecer. Ja já eu volto. Volto melhor e renovada, pode me esperar. Odeio começar do zero. Agora é cada um por si. O negócio é continuar vivendo. Ainda não decidi por que, mas têm que continuar a viver. E conviver com as escolhas feitas. Acho que nem é tanta raiva, é mais pesar. É sentir aquele chute no peito que te tira o fôlego. Enfim, continuar vivendo, né? Continuar vivendo.



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Saudade é plural

E eu luto pra sair, com a maior força que talvez já tive. Não quero, disso mais nenhum segundo. Presa, e sozinha - me sinto um pássaro sem asas. Uma agonia grossa corta minha garganta capaz de soltar asperidades vazias.

Numa luta enorme para chegar a algum lugar, pra procurar algum sentido, ou a razão de tantas decisões, desentendimentos e mais, lembrei-me finalmente daquilo que era real. Daquilo que valia a pena. Daquilo que fazia sentido. Procurei algo para desenhar, e mesmo sem um trisco de lápis, tudo o que eu pensava parecia subitamente fantástico. Uma sucessão de imagens, primeiro forçadas, imagens pré-existentes e um longo caminho de alteração para criação, para finalmente conseguir respostas. E nada de conseguir resposta da maneira que as pessoas pensam que conseguem respostas, ou como elas conseguiriam respostas em um filme ou algo do tipo. Ou só lembrei, assim quase sem querer. Flashs de momentos. Discussões sem futuro, porém válidas, como há muito tempo não via. Aquilo que me encantava é a beleza de um erro, e de uns tempos pra cá, busquei apenas o correto. Bombardeio de imagens, assim como a própria internet. Busquei numa pasta de retalhos salvos, algo que valesse a pena. Não busquei as saudades, mas elas vieram naturalmente. Saudade em plural, pois funciona para várias coisas ao mesmo tempo. Saudade é plural. Dias específicos, situações específicas, teimosias, bobagens, bebidas, yakisoba, olhares, só coisas que deixei pelo caminho, que um dia parei de prestar atenção. Parar de viver no passado. Ou no futuro. Ou de esperar coisas incoerentes.

Meus cisos estão nascendo. Dói todo o lado esquerdo interno da minha boca.
E eu cansei de reclamar.
Juro por Deus-sabe-lá-quem que eu cansei de reclamar. Cansei de me culpar, ou de me punir por coisas que não merecem punição. De uma hora para a outra acho que eu também mereço ser feliz. E que todo mundo merece. E é uma pena, por que tão poucas pessoas são efetivamente felizes.

PS: Adoro quando numa pausa de um texto infeliz eu consigo encontrar uma solução.
E o título pode não ter muito a ver com o texto em geral, mas eu fiquei de quatro por essa frase. Sempre acaba assim.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Uma gota de solidão.

E, querendo ou não, nesse meio tempo acabei virando, se me permite, uma colcha de retalhos dos sentimentos que eu já vivi, para mim puxar referencias de coisas e sentimentos antigos toda vez que me é conveniente, ou quando eu tenho a necessidade de sentir algo. Então por isso, muitas vezes me sinto insensível. Algo parou, e o presente tornou-se passado. Minhas memórias tornaram-se brancas, e portanto quase inexistentes por um certo período de tempo. Pequenas atividades que antes eram reconfortantes hoje em dia parecem não ter propósito algum.

sábado, 8 de janeiro de 2011

O homem sem sombra.

O homem andava olhando pro chão.
Não via pessoas, não via passantes, não via beleza, só via chão.
Com pés, patas, calçadas, lixo e asfalto.
Se guiava pelo chão e nunca tropeçava.
Não via sol, só via sombra.
Um dia ele se viu sem
Percebou ser translúcido.
E sem matéria, não tinha memória.
Sem memória, não tinha história.
Descobriu não ser nada, nem ao menos lembrança.
Olhou para frente e viu esperança.


Médio.

E novamente, melancolia.

Todo mundo sabe a receita da felicidade. Uma receita que nem sempre funciona, mas mesmo assim uma receita. Precisamos nos exercitar, e ter uma alimentação saudável, e ter pessoas que gostamos perto da gente, de uma casinha branca, um marido, dois filhos, um cachorro babão e um emprego.
Tá bom, não é bem assim. Não é na verdade nem um pouco assim. E é tão nem um pouco assim que isso mal serve pra ilustrar o conceito. Porque felicidade é, sim, em partes, um conceito.
A questão é que quando não se está fazendo nada, (e por nada eu digo nada) a coisa mais dificil é quebrar a inércia. E é só quebrando essa inércia que se pode chegar a algum lugar, qualquer que seja este. Ou seja, a gente sabe o que fazer, mas isso não significa que a gente vá fazer. Acho que inércia definiu tudo muito bem. é assim que eu tenho me sentindo. Uma vontade inerente de não fazer absolutamente nada. Aí começo a me culpar por não estar fazendo nada, e aí todo mundo começa a me culpar por nao estar fazendo nada. E aí eu olho em volta e está todo mundo vivendo e fazendo alguma coisa, e crescendo e progredindo, e eu meio que parei no tempo. Acho que essa chuva é a ressaca do ano passado. Eu fico aqui deitada esperando que de repente tudo fique bem de novo, mas eu já deveria ter aprendido a essa altura do campeonato que não é assim que funciona. E eu aprendi, mas parece que não importa. E nada disso importa. Nem os projetos futuros, nem os livros a ler, nem os exercícios a fazer ou mesmo o fato de estar me sentindo pra trás. Parece que tudo que eu deveria ter sentido na fossa do passado só foi ressurgir agora assim, do nada. Acho que pra se sentir mal ninguém precisa de motivo. É a coisa mais fácil a se fazer. Olhar pelo copo meio vazio. O dificil é o copo meio cheio.
Ah sim. Eu vim por meio deste assumir uma conclusão, e eu meio que perdi o fio da meada:
Conclui que o motivo de não se tomar uma atitude quando você sabe que atitude tomar é simplesmente a crença de que você não merece ser feliz. E por que alguém acharia que não merece ser feliz? Por que alguém acharia que merece ser feliz? É um pensamento depressivo, mas o fato de não fazer nada, me faz sentir um vazio, um zero: nem vivo nem morto, nem bom nem mau, então, quais são os por quês?
E como eu cansei de culpar os fatores externos, finalmente procuro a resposta em mim mesma. Eu sei que a vontade está bem ali, esperando pra voltar, mas as vezes a gente só precisa de um tempo, só precisa de nada.
Preciso fugir da média.