quinta-feira, 29 de julho de 2010

Passível impassável.

Eu tenho que lembrar de deixar de ser egocentrica. São situações como a de ontem, que me fazem perceber, que tem tanta coisa. O pior de tudo é ficar se sentindo completamente passível em relação a tanta coisa. Por que na minha posição de artista, eu me sinto apenas como uma pessoa que documenta e não como uma que reage. Mas aí fazer a arte reagir? Não sei como e nem sei se quero ou se funciona.

"nós temos o tamanho que nosso coração tem, somos limpos quando nosso coração é. podem nos tirar tudo até nossa vida e nosso égo mais ninguém é capaz de matar nossa alma , a não ser nós mesmos."
as mentiras que juntamos, só nos faz ser complexos demais pra sabermos o valor que tem aquilo que é inominavel.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Pensamentos bagunçados

Nunca mais melancolia.

Nessa história toda, nesse blablablá interminável de inconquistas, problemas e decepções...Eu cansei. Eu acordei. Eu abri os olhos. E finalmente, né?
Tudo isso até, claro, fechar de novo.
Confiar é difícil, mas tudo caminha para a prosperidade.

A gente nunca percebe o quão mais fácil tudo fica, uma vez que você toma conta e nota das coisas.
Decidi escolher valores. Decidi pensar no que acredito de verdade. Acredito na boemia. Acredito em beleza, liberdade, verdade, e amor. "Above all things I believe in love." Eu já mencionei aqui minhas teorias românticas intermináveis.
Flerto com a idéia de uma vida louca que jamais pensei seguir.
Flerto com a saudade de tempos que não conheci.
Por uma vida menos ordinária.
Por uma vida louca e limpa.
Por Kerouac, por Holden Caulfield, por Alexander Supertramp.

Só conhecemos de verdade um lugar, quando conhecemos as pessoas deste. Pessoas são impossíveis de conhecer. Elas estão sempre surpreendendo, de um jeito ou de outro. Com histórias que você nunca pensou em ouvir, por sentimentos que você nunca pensou compartilhar, por olhares que você nunca se imaginou dando ou recebendo. A beleza está na vida. Na coincidência que é estar vivo nesse universo, em cada planta, e no céu, eterno e interminável.
A verdade está nas pessoas. A verdade está no trabalho honesto, no se assumir como gente, cheio de defeitos e efeitos. De aprender e lidar com uma realidade que lhe foi imposta. Não escolhemos onde viver, não escolhemos aonde nascer, não escolhemos nossa cidade, família, irmãos. Escolhemos amigos, escolhemos caminhos, escolhemos paixões, e mesmo assim tudo já está praticamente determinado. Como pessoa unica de um contexto sociocultural único a nossa tendência é fazer coisas que qualquer pessoa na nossa situação faria. Mas é uma situação sempre unica e inigualável. E se mesmo assim somos capazes de surpreender, nós temos mágica, nós temos milagre, nós temos beleza, e nós temos verdade, em cada escolha. Adeus ao falso, ao irreal, à hipocrisia, e a tudo aquilo que deturpa nossa condição de experiência humana. Aceitação, verdade em primeiro lugar. Só na possibilidade da verdade podemos ter confiança, e verdade e confiança já são duas coisas bem difíceis por si só. Liberdade. O que é a liberdade? É desapego? O que é desapego? Como funciona o desapego? Liberdade é um conceito complicado. Sempre relativo demais. Liberdade é a sensação de não estar preso, de fazer o que quer, de não se preocupar com nada mais além daquilo que te importa. É, sim, desapego, é se despreender de regras, que te seguram, que te impedem de voar. Liberdade é o voô. O ainda mais improvável, tornando-se possível. É a habilidade de tornar isso possível. A nossa liberdade termina onde começa a do outro. Respeito, limites, regras. Liberdade de fazer aquilo, com aquilo que tem. Com aquilo que pode. Liberdade também tem regras. Mas não é nas regras que está o sucesso. Não posso falar de sucesso se não o tenho, nem sei o que é isso direito. Não sei se vem para o bem ou para o mal.
Agora ao amor. A razão de viver. O único lugar onde podemos encaixar todas as outras palavras. Beleza, liberdade, verdade.

"Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;

É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?"

Luís de Camões (1524-1580)

Camões define bem melhor que eu.

Cansei de procurar rachaduras em espelhos, os fantasmas da cabeça, e os monstros dentro do peito. Aceito para mim uma convivência saudável com todos, os fantasmas, os monstros e os esqueletos. Procuro a minha paz na paz dos outros. Na compreensão, no abraço.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Metamorfoses diárias.

Muda o cabelo, muda as roupas, muda os óculos.
Muda isso, muda aquilo, muda tudo.
Faz a sobrancelha, depila, limpa, escova, raspa.
Arruma, arruma, arruma.
Sombra, lápis, brinco, blush, colar, batom.
Muda, muda, recomeça.
Corta, colore, repica e e faz mecha.
Muda o jeito, muda o tom, muda a fala.
Muda a gente, muda a mente, muda o mês.
Muda a cabeça, o amante e a sensatez.
Muda tudo, não muda nada.
Esperança que tudo mude.
Só muda o mundo mudando a gente.
Só a mudança do mundo muda a mente.
Pensa, chora, cansa.
Dorme, acorda, recomeça.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Recortes de trabalho de vida.

São quebra-cabeças, são homens-sombra, homens sem sombra, é a falta de chão. É a quebra com tudo aquilo que se diz chão. É o sentido e a razão, , e as lendas urbanas. É o vento, o conceito, a música. É tanta gente "interessada", que faz a gente se sentir desinteressante. É o sentimento, a decisão, a falta de satisfação e o caminho tomado, Turbilhão de coisas, turbilhão de sentidos, que não se encontram, não se desfecham, nem muito menos desaguam em lugar nenhum. Na cabeça talvez. Na mente você tem o mar, na mente você tem os monstros. O contexto nos cria ou nós criamos o contexto? Cadê meus sentidos? Fazer a falta dele passar pro papel, não tarefa mais fácil. Acho cercada de quebra-cabeças, olhares vazios, homens, sombras, casulos, cata-ventos, máscaras e cidades coloridas. Inspiração só falta, mas tudo se surge. Faz algum sentido? Te toca, te exalta, te livra daquilo que falta! Não é paixão não é trabalho, vira tudo produção. "Desculpe, eu não estou sentindo nada". Tanto medo de tanta coisa. Talvez não dê em nada. me isolo do universo e fica tudo bem, até sair de casa de novo. Não tem álcool que sare a ferida que se abre sozinha. Incoerente, simpatia que empata a empatia; Incoerencia é tudo, e nada nunca fez sentido.
Inspiração não existe, se trabalha. Odeio trabalho que pareça forçado. Gosto de trabalho que se faz livre.
Livros encaixotados, palavras engavetadas, quero dizer mas não vão entender. Nem sei se quero que entendam. Livros que tenho que ler, filmes que tenho que ver. Coisas a escrever, pensar desenhar. Atordoada como um zumbi- irrequieta com a falta de vida. Falta daquela que ainda não foi. Não sei o que ser, não sei o que quero, não sei o que fazer. Talvez eu já seja, será?
Não condeno a beleza, que essa se faz fundamental. Tristeza é sina de artista. Todos estamos doentes, e viva Saramago. Não que eu leia, já disse sou leiga.
Não sou boa com novas mídias, as velhas me bastam. Não tenho paciência para um monte de coisa, e um monte de gente que me faz sentir a parte.
Odeio a verdade, odeio o azar. refugio-me de novo: máscaras, cores, circos, amores, famílias. E a estética se constrói e se perde tudo na minha coesa incoerência, se faz por linhas e pincéis. Eu ligo pro interno, pra chance, pro futuro, pra juventude. Meu trabalho já deixou de agradar. Simpatia não basta; Agressão muito menos. Tudo irrita e pouco fascina. De novo com a sina, queria paz. Queria saber, queria ir atrás, queria fôlego.
O ar anda rarefeito para aqueles que pararam de respirar. É ambição, é dever, é fogo, é poder. O querer fica mais atrás, agora todo mundo quer mais. É escolha, é sonho, é destino? Não sei.
Quero arte. Quero schiele, toulouse, brancusi, giacometti e rodin.
Falta precisar acreditar. Ninguém mais acredita. E todo mundo zomba, o tempo todo, de tudo. Dai-me paciência. Dai-me aquilo que eu quero e não posso. Dai-me um sorriso. Dai-me luz. Dai-me chão.
É tanto que falta. O labirinto perde o propósito, se você pode sobrevoá-lo.
Corrida contra o tempo? Corrida contra a preguiça. Saia de mim que eu não quero mais sono. Quero comida, comida, comida, satisfação do açúcar, num pote de sorvete de doce de leite.
Ah, paz, banho quente, pés vermelhos, cai na cama pesada, dormente inteira, inerte sempre.
Liga a televisão, vive de televisão, gira os canais e nada de bom, pensa em um filme e vai pro computador, fingir que tem vida. Sai de casa, pra doer, melhor a cama, os pés vermelhos, o cobertor e o ventilador. Cama, não volto, não vou não faço, não saio.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Cenas de anti-cotidiano

Voltando pra casa pela W3 norte, às 3h30 da madrugada. É muito engraçado ver as criaturas da noite em seu habitat natural. Somos todos pessoas, mas são pessoas marcadas. Marcadas por tanta coisa. O bicho homem, já dizia o poeta.De dia parece que só tem luz, na madrugada tem a sombra. E a sombra não é lá nem um pouquinho bonita. Quem vê já acha normal, de tão banalizada que a coisa está. prostitutas, fazendo sua ronda, zumbis do crack zumbizando, e tudo rolando na mais plena naturalidade. Fora dos semáforos, durante o dia não existe nada assim, quem sabe na rodoviária, mas essa já tão movimentada por gente de todo dia, que não é mais nada demais. São as criaturas da noite. São delas que todo mundo foge, e se interna cedo em casa, debaixo de um cobertor de frente para a tv. São delas que a gente tem medo no dia-a-dia. Das armas, das facas, do medo. A gente foge por medo do medo. E o medo consome. Eles se alimentam do medo. Criaturas são gente. Gente que pelo motivo que for, perdeu a batalha, ou desistiu do jogo. lembrei muito daquele filme, "Eu sou a lenda". Eles fugiam da luz. Eram seres humanos como nós, mas aí tudo muda, e de repente a gente se ataca. Eles se animalizam, a lei da bala. Eles dominam todo o cenário da cidade destruída, mas eles ainda fogem da luz. Eles são sombra, sombra da gente , que um dia foi gente. Isso tudo se verbaliza na história de um homem, que sozinho, e já tão plenamente atingido pela situação tenta reverter o quadro sozinho. É um ótimo filme e ainda digo que o final não podia ser outro, mesmo que todo mundo ainda discorde. Além de tudo ele tem uma das cenas mais trágicas, do sacrifício da cachorrinha Sam.
Foi muito bom lembrar disso tudo, por mais que eu ainda tenha medo. medo consome e medo limita. Quase como o conforto. O homem se desumaniza, e é cada vez mais normal. Pra caminhar numa noite e ver tanta gente tão diferente. Eles são donos da noite, a gente ainda foge. E vamos continuar fugindo. É uma realidade que é bem mais fácil evitar. Não julgo postura nenhuma. Também não sou ninguém, também tenho medo, também fujo da sombra esperando que algo como a luz possa resolver todos os meus problemas, só de estar lá. Nenhum problema some na luz. Só adia, só esconde. Mas está lá. E provavelmente não vai deixar de estar tão cedo.