Ontem chafurdei minha cabeça de novos pensamentos não exatamente novos. Achei que devia escrever aqui antes que tudo se perdesse como numa nuvem de fumaça, e pelo menos para mim, dotada de memória absurdamente fraca, deixassem o plano das idéias como se nunca tivessem nem chegado perto de acontecer. Pensei nos rumos da arte hoje em dia, como passou para o abstrato das nossas mentes, no lugar do real da natureza. Ou mesmo o irreal da natureza. De uma pintura representativa simbolista, de Tim Burton, de fantasias e efeitos. De que o que se passa dentro da nossa cabeça as vezes vale muito mais do que se passa fora e as infindáveis maneiras de trazer esses pensamentos a tona, e fazê-los ganhar relevância diante de um grande público por diversas maneiras, como encantamento, ou choque. Pensei em descobrir qual o meu estilo representativo, o que é que eu gosto de fazer, e o que me traz prazer numa pintura. Pensei também, (esses pensamentos foram bem mais claros) no esforço que a gente faz pra ser mais um na multidão. Isso por que ontem fui ao show do Lafusa, Velhos e Usados e Cassino Supernova (aliás, parabéns às bandas pelas ótimas apresentações) no Sesc Garagem na 913 sul. Me deparei com a seguinte situação: como eu já disse, uns shows ótimos, mas como lugar exerce em sua quase totalidade a função de teatro, um monte de cadeiras. E isso pra mim foi completamente estranho, por que por mim, eu estaria dançando loucamente na frente do palco. Peloamordedeus, não era uma orquestra sinfônica, né, tinha tudo pra se dançar. Menos, é claro as pessoas dançando. Um longo espaço da platéia ao palco, com ninguém dançando. No máximo uma pessoa aqui e outra ali batendo o pé. Não achei aquilo nem um pouco natural, e me esforçava de um todo pra ficar lá sentada. Talvez o distanciamento do próprio povo brasiliense, que, sem querer ofender, as vezes parece ter medo de gente. Tá, isso não tá nem um pouco claro, mas eu só queria dizer, que as vezes a gente se esforça tanto pra ser que nem todo mundo, e não tem motivo pra isso. Vergonha, intimismo, são completamente desnecessários em algumas ocasiões. O que voce se sente mais confortável fazendo? O que você quer fazer, em cada momento. Se policiar pra ser que nem todo mundo? As vezes não seria muito mais fácil só ser você mesmo?
E nesses pensamentos e discussões, acabei não sei como entrando na questão das pessoas que não dão espaço às bandas autorais e como isso não faz sentido algum na minha cabeça, pelo menos. A gente vive reclamando, que o Brasil não tem banda boa, e blablabla, quando na verdade tudo que falta para o sucesso dessas é o apoio de algumas pessoas que simplesmente se recusam a abrir a cabeça pras novidades. Mesmo antes do show do Franz ferdinand, ouvi de várias pessoas: ah, chegar antes pra ouvir bandinha autoral de merda, eu hein?
A gente precisa da mídia pra dizer se uma banda é boa ou não? Vamo lá, pessoal, que a mídia já errou bastante. E as vezes os shows das "bandinhas autorais de merda" dão de mil em qualquer outra coisa que a mídia tenha empurrado... Ou vcs querem passar o resto da vida vendo showzinho cover? Cover não acrescenta nada.
Até algumas bandas que já estão na estrada há um tempo, que são muito boas e não conseguem deslanchar. É uma injustiça e eu culpo o público.
Outra coisa sobre o povo brasiliense. De verdade, se você já foi apresentado à pessoa mais de uma vez, falar um "oi" quando encontrar ela na rua não dói, e não mata ninguém. Todo mundo finge que não se conhece, tem preguiça de falar com as pessoas e coisa e tal. Depois falam que o povo brasiliense é antipático e ninguém sabe porque. Tirem o nojinho da cara, peloamordedeus. Eu, pelo menos cansei.
Tá bom que esse post já tá ficando nervoso e sincero demais. Melhor ir-me indo por aí antes que eu me arrependa e comece a editar.