sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Confúcio já dizia...

Ou Nietzche, quem sabe Platão...

Confundo dia, confundo ano. Confundo gente, confundo plano. Confundo idéia, confundo casa.
Se é horário de verão eu confundo até a hora. Confundo nome, confundo estação, confundo o carro, confundo telefone e endereço. Já confundi bem com mais-ou-menos e mais-ou-menos com ruim. Já confundi mês, já confundi coração, já confundi até jargão. Já vi, vim e não venci. Já confundi Nosferatu com Nostradamus, batata com macaxeira. Já confundi balaio com balaiagem, com balão e com balada. Confundi macaxeira com aipim com mandioca, e olha que é tudo a mesma coisa. Já confundi carne seca com carne de sol, e ainda confundo. Não sei se vai dar tempo, nem sei se vai dar pra fazer. Não sei se está perto da hora, nem sei como surpreender. Não sei se acabo, ou começo, ou deixo pra lá. Descaso, descasco, desamasso, desprendo, desaprendo, desapego, desapreço, desapareço. Confundo morte com sorte, com azar com amar. Confundo amor e carinho e aninho, e sapinho. Confundo azedo e amargo. Confundo colega com amigo, e amigo com família. Confundo história. Confundo glória. Confundo riso em lágrima e lágrima em riso. Confundo bonito e feio e brega e legal. Confundo pensamento. Confundo pensador.

No meu quarto

No meu quarto tem um quadro de mim e três telas minhas. Tem vidrinhos de boticário, um abajur de lava, uma escultura de uma escultorinha, milhares de cubos de papel cartão, e um puff de cubo mágico. Tem dois aparelhos de som que eu nem uso mais. Tem uma máscara africana de madeira, porta-pesos e uma bomboniere de abelhinha. No meu quarto tem a coleção de isqueiros, de chaveiros, de cofrinhos. Tem até um cemitério de lápis. Tem um hipopótamo rosa que usa óculos 3D e um burrinho saindo de um porta retrato. Uma calculadora de MM's, um bebê do Shrek, livros bons, bobos, e um monte de caderninhos espalhados. No meu quarto tem cataventos , carrosséis e gaiolas, de todas as formas cores e sabores. Filmes que eu já vi, e que ainda vou ver. Pincéis e pôsteres. Uma lhama com pelos de lhama de verdade. Tem as paredes vermelhas, combinando com o tapete meio felpudo. Tem muito papel panamá e outros papéis que eu nunca sei se vou usar. E persianas onde toda noite vários besourinhos resolvem atrapalhar meu sono. Colírios, panfletos, um porta retrato sem nenhum retrato dentro. Um beija-flor pendurado na lâmpada, bichinhos de papel machê, um macaco no espelho, um livrinho de madeira. Tem uma garrafa de solvente no chão e uma adega de tinta à óleo. Caixas coloridas, um cavalete, um telefone laranja e uma gaita. Giz de cor, lápis aquarela, lapis de olho, giz pastel e mais. Tem um ou dois esconderijos secretos. Tem três sapos, uma janela e uma aquarela. Fones de ouvido, fio de naylon e papel de carta.

É isso que tem no meu quarto. Além da cama, do guarda-roupa e da televisão, é claro.