Acho que hj ouvi uma cigarra cantar. a chuva estaria de uma vez por todas a chegar?
A maioria das pessoas, quando discordam de algo, discordam pelos mesmos motivos; digo: o motivo de uma e outra pessoa desgostarem de uma coisa, sempre será o mesmo. O que te leva a saber se a pessoa sabe ou não do que está falando é se o motivo dela é diferente, e válido. Mas não é regra. Talvez a coisa só seja odiosa por esse único motivo de que todos falam. Mas as vezes o motivo dela ser odiosa a torna não odiosa, por torná-la especial. Dissertando a respeito do nada e pensamentos de chuveiro.
E acordou mais uma vez a menina, os olhos inchados, a vontade de não fazer nada. deitada na cama por dias e dias, nem levantar mais ela conseguia. depois de uma noite chorada, é costume acordar inchada. nada dá certo, não vontade de fazer nada. tudo desaba num piscar de olhos, e todo aquele drama volta a tona. Ela só queria que soubessem. Mas como poderiam. Drama e melancolia sempre vem e vão e nunca tem hora pra chegar.
Odeio as férias. Odeio ficar sem fazer nada. E de repente tudo que eu faço nem faz mais sentido algum. Meu mapa astral me chamou de instável. Por que fazer qualquer coisa?
Toda discussão é válida. Nunca deixei de dizer isso, e eu aprendo bastante com elas, pois se não se pode aprender com a experiência dos outros... Ensinar é o sentido da vida, tanto quanto aprender e só assim a gente aprende e vive, e ensina, é só vivendo. O que não acho válido é cuspir melancolias na cara uns dos outros, querer quebrar sentidos que uma pessoa dá a uma coisa, sem ter pleno entendimento tanto da coisa quanto da pessoa. E nem disso eu já não reclamo tanto pois foi assim, pela duvida de outros que eu passei a afirmar concretamente muitas coisas sobre mim mesma, para mim mesma. Mas são férias, e férias são férias. Todos temos, ou no mínimo devíamos ter um tempo para descansar de nós mesmos. Fique aqui claro, que eu não rejeito discussões por sua complexidade, as vezes sim, mas pela falta dela. O meu problema não é com a complexidade das discussões, mas pela falta de realidade destas. O que eu gosto mesmo é de trazer as discussões por terra, como disse um amigo recente. E eu não busco respostas, eu busco as perguntas.
Ócio não faz bem. Você se entope de coisas a fazer e acaba não fazendo nada. Então você se culpa por não ter feito as coisas que disse que ia fazer, e nisso você já começa a se sentir mal. Mas aí se surge a oportunidade de colocar as coisas em prática você pensa: daqui a pouco eu vou, e então surge mais uma outra coisa e você deixa de ir. Entrando novamente num ciclo vicioso.
Entre os maiores medos estava o de ser comum, o de ser mais um. Mas mesmo assim todo dia ela lutava arduamente pra passar despercebida. A regra me faz pensar na excessão.
Ainda ama as pessoas que já amou. Mas as pessoas não são mais aquelas e de repente tudo mudou de novo.
Estava feliz e calma e despreocupada. Então qual era o problema? As vezes é interessante perceber como cada vez que uma coisa dá errado, em uma área, acaba por afetar todas as outras. Mas até que eu consigo deixar tudo bem separado.
O que ainda a mantinha, menina, era a insegurança. Batia sentimentos de querer ser igual. Será que a cabeça de todo mundo é tão complicada quanto a minha? Instável, as vezes não sabe o que quer, e as vezes sabe bem até demais. Medo de corroer os outros ao se corroer. Queria saber se todo mundo funciona igual, se tem dias e dias. Dias bons e dias não tão bons. Se a eternidade também não lhe convém.
Sou cega e minhas lembranças são todas negras. Não abro os olhos, que as vezes gosto de saber como é viver sem eles. Ao longo da vida a gente tem que aprender na prática que beleza não é estética, beleza está além disso.
A mágica se encontra fora da nossa existência maquinal, em tudo aquilo que deixa de fazer sentido. A gente tem motivação para comer, beber, dormir, se exercitar, mas a beleza da vida está no inexplicável. Nas entrelinhas da existência sem sentido. Em perguntas como: por que trazer um filho para esse mundo, ou porque se relacionar com outras pessoas.
Precisamos de dias ordinários para termos dias especiais.
As vezes vejo como sou otimista. Gosto de pessoas esperançosas, e não suporto gente que odeia tudo. Odeio a idolatrização do final de semana. Posso jurar de pés juntos que já tive muitas segundas feiras bem melhores que sábados ou sextas. Isso é coisa só de quem odeia trabalhar, mas trabalhar realmente me faz uma pessoa melhor, embora muitas vezes eu entre em crises de arte para quê. Não dá pra viver sem ela.
E como todos os outros, esse texto fica sem final. O final só existe na nossa cabeça: a gente nunca vê ele chegar, e quando vê, já passou. Nós só temos na verdade o presente, então não faz nenhum sentido se preocupar com o fim.